17 de dezembro de 2014

Matas-me com o teu olhar

O vento e as nuvens,
caminham no mesmo sentido,
afastam cinzas e nevoeiros,
pedaços do que nunca
cheguei a ver

Por detrás do teu olhar
existe uma luz pura
que reflecte o brilho das estrelas,
faz esquecer a solidão negra
e implacável
dos céus desertos.

Um dia sem tempo
para admirar como deve ser
esse sentir que vem de ti
e que me atormenta de todos os modos.
Umas vezes vens sobre mim
como um fantasma sem forma,
e a minha alma treme
no pior dos medos.


Outras vezes vens por trás de mim,
visível só quando encontro os teus olhos,
é essa toda a verdade
no meu desejo mais profundo
do desconhecido emergente.

Mas este desejo que hoje me anula
é ainda mais nobre.
É uma vontade constante de te querer,
um desejo de ser tudo,
um desespero consciente
que algum dia não consiga viver sem ti.
É certamente um receio súbito
de ficar enclausurado numa cela vazia.

Então vem o desejo transbordante,
às vezes absurdo,
uma espécie de loucura sadia,
de que um dia,
num dia sem tempo
encontre a fuga do teu olhar,
esse olhar tão profundo
que me mata suavemente.
...
Vento