28 de junho de 2010

Palavras silenciosas

...

Céu profundo, sem fim
o som das aves nocturnas acalma,
a lua ainda dorme
numa cama feita de estrelas.

O traço do destino é incerto
espera pelo próximo momento
em que cada letra
liberta pedaços de mim.

As palavras silenciosas
existem para serem ouvidas,
ficam esculpidas
aqui, na parede invisível.

E tu…
Será que escapas
ao peso das palavras?

Vento
...

21 de junho de 2010

Algures entre a tristeza e a felicidade

...

A sombra no olhar
esconde uma lágrima
a um pequeno passo
da mão que a abraça.

Uma forma de amar
livre e profunda
morre nos meus dedos
em silêncio…

Vento
...

16 de junho de 2010

Alma

...

Quando olho para ti
sinto dentro de mim
que gastei toda uma vida
antes desta à tua procura.

Não de alguém como tu,
mas de ti porque a tua alma
e a minha tem que andar
sempre juntas.

Talvez tenhamos vivido
milhares de vidas antes desta
e em cada uma nos tenhamos
reencontrado…

Uma corrente invisível
une as almas,
nem o desgaste do tempo
apaga o que se sente.

É uma das razões que toca
profundamente,
quando a dor volta
sempre que nos separamos.

Vento
...

14 de junho de 2010

Voo nocturno

...

Ponho a mão no peito,
respiro fundo…
e afundo…
Afundo lentamente
nas profundezas
da minha
ausência.

Sinto deslizar,
deslizar para longe
das minhas mãos,
o céu brilhante...
Em silêncio consigo ouvir
o som da vida
que ainda gira sobre mim.

Abraça-me até partir,
os teus braços são a minha casa.

Vento
...

11 de junho de 2010

Volta...

...

Olha-me mais uma vez,
Abraça-me,
beija-me por mais um segundo.
Sorri-me com essa cumplicidade,
mostra-me de novo
a luz do teu olhar.

Enfeitiça-me com o teu andar,
arrepia-me com o teu toque.
Faz-me rir, faz-me chorar,
faz-me querer partir e não ir.
Agarra-me, só para me deixares depois.
Ri-te, chora - mas ri-te e chora comigo.
Traz-me de novo os sonhos
pintados no céu,
mostra-me mais uma vez a luz na noite,
faz-me renascer.

Odeia-me, ama-me;
permite-me amar-te,
odiar-te,
sentir-me louco nas tuas mãos.

Ignora-me, ouve-me,
desvanece e chama-me.
Esquece-me, não me ames...
mas volta.
Volta… sempre…

R...
...

7 de junho de 2010

Nova vida

...

Olha nos meus olhos
um pouco mais,
Deixa os sonhos flutuar
suavemente…

Consegues ouvir a minha voz?
A sussurrar ao teu ouvido…
Consegues ouvir-me?
Dentro de ti…
Uma pequena lágrima
do teu silêncio
desperta na escuridão
para o mundo vivo.

Consegues sentir o meu toque?
Na tua pele…
Consegues sentir os meus dedos?
Nos teus desejos contidos…

O teu desejo emerge do casulo.
Abre as asas como uma estrela, que és.
Pronto a começar uma nova vida.

R...
...

3 de junho de 2010

O escuro tem de ficar mais escuro para me veres.

...
Este é o mundo em que vivemos
não o deixo derrubar-me
é mais seguro viver num sonho,
num sonho...
É para isto que a pele serve.
Mantém-me cá dentro
o resto fica lá fora.

Já vi um outro céu.
Já subi a outra árvore.
Já desejei outra estrela
num outro céu, cheio de estrelas.
Um outro eu, vive uma outra vida
a que sempre sonhei.
Um outro eu, existe algures.
Porque não posso viver aquela outra vida?
Por favor, deixem-me ser...
O outro eu.

Este é o tempo do homem silencioso.
De quem todos esquecem o nome.
Aquele que se senta só
à espera que lhe contem uma história,
para poder compreender as coisas.

Quanto mais escuro fica
mais consegues ver
Mas o escuro tem de ficar
ainda mais escuro
para me conseguires ver.

R...
...